Igualdade dentro (e fora) de quadra

Igualdade dentro (e fora) de quadra (Por Amanda Lima).

O dia das mulheres, antes de tudo, é um dia de reflexão e conscientização. Nos últimos anos, essas reflexões passaram a ser também voltadas para o mundo esportivo. Seja no futebol, no vôlei ou no beach tennis, a desigualdade de gênero sempre foi uma realidade; e ainda é. Felizmente, porém, cada vez mais jogadoras e jogadores de beach tennis são tratados com respeito e igualdade. Contudo, é importante lembrar, na semana do dia 8 de março, de todas as atletas que lutaram e foram responsáveis pelas mudanças que nos permitem, hoje, viver esse esporte de forma igualitária.

A italiana Flaminia Daina, uma das mais reconhecidas no beach tennis mundial, contou um pouco da sua experiência como atleta: “No começo não foi fácil, na verdade. Não posso dizer que tinha igualdade de gênero. Em todo esporte é assim, infelizmente. E pra mim ainda não é fácil, porque a cultura europeia é um pouco mais machista, eu acho.” Ela comentou também sobre as situações de desigualdade pelas quais passou: “No início (na Itália) não foi com o mesmo prize money para homens e mulheres”. Como contou Samantha Barijan – a primeira não italiana a ser número 1 no ranking mundial -, a mesma coisa aconteceu no Brasil e em outros lugares do mundo: “Existiu um “mutirão”, sendo feito pelos meninos onde eles queriam que a premiação fosse dividida 60% e 40%. […] E a gente não aceitava. Como assim? Eu pago a mesma passagem, eu pago a mesma hospedagem, eu pago nutricionista, eu pago treino, eu pago tudo igual e a gente vai ganhar menos?” Ela diz que foi depois de muita reivindicação das atletas que as coisas começaram a mudar: “Os organizadores falavam que a premiação do masculino ia ser maior, então a gente falava “então não vamos jogar””.

As duas contam que com a chegada da ITF foram criadas regras que estabeleceram uma igualdade entre todos os atletas nos torneios internacionais. O problema, porém, continuou em menor escala: “Até o ano passado tinham torneios estaduais que davam premiação maior pra homem e menor pra mulher, e ai cada mulher tinha que brigar no seu estado por essa igualdade” diz Samantha.

A atleta número 1 do Chile, Fran Zuñiga, disse, “acho que se a gente comparar com anos atrás a gente avançou muito, mas ainda temos que lutar”, ela também compartilhou parte da sua vivência: “No Chile, em anos passados, a gente lutou muito para ter o mesmo uso de quadra central para mulheres e para homens. A gente não queria mais, só queria igualdade”. Essa, infelizmente, ainda é uma realidade em alguns campeonatos, redes e clubes do país, onde as quadras principais são majoritariamente ocupadas por jogos masculinos. Esse problema foi comentado por todas as atletas, que disseram que muitas vezes tiveram que se impor para conseguirem jogar nas quadras principais também, mesmo estando entre as melhores posições do ranking mundial.

Joana Cortez, atleta olímpica de tênis e profissional de beach tennis, acredita que “o envolvimento das mulheres nesses cargos de liderança são fundamentais pra igualdade no esporte. Isso passou a acontecer em muitas federações aqui no Brasil. […] Acho que aqui no Brasil o beach tennis feminino sempre foi muito forte, por as mulheres liderarem e estarem envolvidas dentro de entidades. Eu estive na ITF, na CBT… A Samantha também, assim como a Flávia Muniz e outras atletas que sempre se posicionam”. Ela conclui dizendo que “São conquistas. O beach tennis, quando também é liderado por mulheres, acaba tendo menos desigualdade”.

Felizmente, muita coisa mudou no mundo do beach tennis nos últimos anos. Essa mudança é resultado de conquistas dessas e de outras mulheres que lutaram não só pelo direito de ser atleta, mas também pelo direito de ser tratada como igual dentro do esporte. É a elas que devemos agradecer e apoiar (no dia 8 de março e no ano inteiro) por fazerem do beach tennis um esporte cada vez mais democrático, respeitoso e igualitário para todos! Para fechar, deixo aqui uma fala da Samantha: “Hoje a mulher pode sonhar em ser piloto de avião, policial, e coisas que antes eram taxadas pra homem. Então ela também pode ser atleta”

Texto de: Amanda Lima, 18 anos, carioca e atleta de beach tennis desde 2018

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